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Direito Administrativo: Resolução do exame 2011.2 - V Exame Unificado - OAB - FGV

Written By Guilherme Ap. da Rocha on terça-feira, 29 de novembro de 2011 | 08:42


Bom dia a todos!
Primeiramente, gostaria de me desculpar pela ausência dos últimos dias. Os compromissos das duas pós graduações, somados aos compromissos profissionais consumiram todo meu tempo na última semana.
De volta, vamos às atualizações. Tivemos a análise dos recursos interpostos em face das questões objetivas do Exame 2011.2 (V Unificado) e apenas uma restou anulada, a de n.º 27, do caderno branco, que abordava a improbidade administrativa. Despiciendo tecer maiores comentários sobre o acerto da anulação, ou sobre a necessidade de anulação de outras, haja vista a imutabilidade da situação e a proximidade da 2ª fase.
Hoje faremos a abordagem de todas as questões de Direito Administrativo, iniciando pela 28 (caderno verde). Vejamos.

28. Tendo o agente público atuado nesta qualidade e dado causa a dano a terceiro, por dolo ou culpa, vindo a administração a ser condenada, terá esta o direito de regresso.
A respeito da ação regressiva, é correto afirmar que
(A) a prescrição será decenal, com base na regra geral da legislação civil.
(B) o prazo prescricional tem início a contar do fato que gerou a ação indenizatória contra a Administração.
(C) o prazo prescricional será o mesmo constante da esfera penal para o tipo criminal correspondente.
(D) em regra deve ser exercida, sob pena de afronta ao princípio da indisponibilidade.

O agente público não atua em interesse próprio, mas de terceiro, isto é, de toda a coletividade. Nessa condição, à Administração Pública não é dada a faculdade de disposição dos bens e direitos que, de um modo ou outro, possam afetar direta ou indiretamente a sociedade. O princípio da indisponibilidade revela, pois, garantia de respeito à coisa pública, em benefício da sociedade em geral.
Um dos mais eficazes métodos de materialização do princípio da indisponibilidade é, exatamente, o exercício do direito de regresso, manejável via ação regressiva.
Quanto ao prazo para ajuizamento da ação ressarcitória, de natureza cível, não está atrelado ao prazo cominado perante a esfera penal para processo e julgamento do tipo penal correspondente. Também não se sujeita à regra decenal do Código Civil. Recorde-se, pois, o teor art. 37, §5º, da Constituição Federal de 1988:

Art. 37. […]
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Novamente, diante da ressalva da ação de ressarcimento, constata-se a prevalência do interesse público sobre o privado.

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Vejamos, agora, a questão 29 (caderno verde), de Direito Administrativo:

29. A estruturação da Administração traz a presença, necessária, de centros de competências denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar que
(A) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus atos.
(B) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos normativos do ocupante do respectivo órgão.
(C) não possuem cargos nem funções.
(D) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem.

A primordial característica dos Órgãos Públicos é a inexistência de personalidade jurídica própria. Como centros de competência, eles atuam em nome do ente que os instituiu, e não em nome próprio, o que torna incorreta a alternativa “A”.

Para o exercício de suas atribuições, os Órgãos possuem, necessariamente, cargos e funções, pois é através deles que se viabiliza a sua atuação, o que torna incorreta as alternativas “B” e “C”.

Como não possuem personalidade jurídica, as atuações dos Órgãos são atribuídas às pessoas jurídicas a que pertencem, estando correta a alternativa “D”, portanto.

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Vejamos a próxima.

30. A revogação representa uma das formas de extinção de um ato administrativo. Quanto a esse instituto, é correto afirmar que
(A) pode se dar tanto em relação a atos viciados de ilegalidade ou não, desde que praticados dentro de uma competência discricionária.
(B) pode se dar em relação aos atos vinculados ou discricionários, produzindo ora efeito ex tunc, ora efeito ex nunc.
(C) produz efeitos retroativos, retirando o ato do mundo, de forma a nunca ter existido.
(D) apenas pode se dar em relação aos atos válidos, praticados dentro de uma competência discricionária, produzindo efeitos ex nunc.

Quando o ato possui vício de ilegalidade, ele é passível de anulação

A revogação é forma de extinção do ato administrativo que cinge-se aos atos discricionários, que podem ser praticados e extintos segundo critérios de conveniência e oportunidade.
O ato vinculado, ou seja, o ato praticado em estrita observância da regra legal, não pode ser revogado, pois a revogação, como mencionado, retrata juízo de conveniência e oportunidade, incompatível com o estrito regramento legal.

A revogação, enquanto ato discricionário, produz efeitos prospectivos, isto é, ex nunc. Isso significa que os efeitos produzidos por ele até a data da sua extinção serão mantidos.

Só há que se falar em revogação de ato válido e discricionário, sendo seus efeitos prospectivos (ex nunc), como se mencionou. A alternativa correta, portanto, é a “D”.

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Vejamos, agora, a questão 31.

31. O art. 37, II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, condiciona a investidura em cargo ou emprego público à prévia aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as nomeações para os cargos em comissão.
Em relação a concurso público, segundo a atual jurisprudência dos tribunais superiores, é correto afirmar que
(A) o prazo de validade dos concursos públicos poderá ser de até dois anos prorrogáveis uma única vez por qualquer prazo não superior a dois anos, iniciando-se a partir de sua homologação.
(B) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos e classificados entre o número de vagas oferecidas no edital possuem expectativa de direito à nomeação.
(C) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos e classificados dentro do limite de vagas oferecidas no edital possuem direito subjetivo a nomeação dentro do prazo de validade do concurso.
(D) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos devem comprovar a habilitação exigida no edital no momento de sua nomeação.

O prazo de validade máximo dos concursos públicos é de 2 anos, prorrogáveis uma única vez por igual período (e não por qualquer prazo), como consta na alternativa “A”.
Os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos classificados entre o número de vagas oferecidas no edital possuem direito subjetivo à nomeação, e não mera expectativa de direito. Portanto, incorreta a alternativa “B”, e correta a “C”.
A comprovação da habilitação exigida no edital para concurso público de provas ou de provas e títulos deve ser feita na posse, e não no momento da nomeação. Nesse sentido a súmula n.º 266, do STJ:

S. 266. O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público.

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Vejamos a próxima:

32. De acordo com o critério da titularidade, consideram-se públicos os bens do domínio nacional pertencentes
(A) às entidades da Administração Pública Direta e Indireta.
(B) às pessoas jurídicas de direito público interno.
(C) às entidades da Administração Pública Direta, às autarquias e às empresas públicas.
(D) às pessoas jurídicas de direito público interno e às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.

A questão em tela deve ser analisada com atenção. À primeira vista, pode-se pensar que nada há de incorreto com a alternativa “A”, mas deve-se recordar que a Administração Pública Indireta é composta: a) pelas autarquias; b) pelas fundações públicas; c) pelas empresas públicas; d) pelas sociedades de economia mista; e e) pelos consórcios públicos de direito público (ou associações públicas). No caso das empresas públicas e sociedades de economia mista, é importante lembrar que elas são pessoas jurídicas de direito privado, e não de direito público. Consequentemente, os bens à elas pertencentes tem a mesma natureza. É por este motivo que as alternativas “A” e “C” estão incorretas, assim como a alternativa “D”. Quanto a última, é sabido que se a pessoa jurídica é de direito privado, seus bens não podem ser considerados como públicos.
Portanto, se a pessoa jurídica é de direito público interno, os seus bens serão, consequentemente, considerados bens públicos pertencentes ao domínio nacional, estando correta a alternativa “B”.

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Com isso, encerramos a resolução das questões de Direito Administrativo.

Até a próxima! Bons estudos!
Fiquem com Deus!
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